por Alexandre Gallego
A espera
acabou. O que nos deixou com um “gostinho de quero mais” no ano passado, agora pode ter certeza que irá nos satisfazer com grande êxito. A banda Arctic Monkeys está vindo com AM, um
trabalho muito diferente de tudo que eles já produziram. Nos primeiros álbuns da banda, era comum
encontrar, uma característica de Low Fidelity (Lo-Fi) muito presente em álbuns
que se enquadram no contexto indie. Basta ouvirmos os dois primeiros álbuns, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not e
Favourite Worst Nightmare para entendermos melhor.
Porém, neste novo trabalho, há uma tentativa de quebrar esses
paradigmas. Ouça o álbum Humbug dos caras. Comparado com os discos anteriores, há uma maior preocupação com o áudio e com o
instrumental, ideia essa que começará a amadurecer no trabalho seguinte da banda, Suck it and See. Já em AM, tudo isso se consuma de fato. Além disso, há um tempero a mais na cozinha da banda e que faz toda a diferença. Méritos para a bateria de
Matthew Helders e o baixo de Nick O'Malley, apoiando os vocais de Alex Turner naquilo que parecia
morto na música dos anos 60, uma esperta mistura de rhythm and blues, funk e soul para algo extremamente atual.
Os garotos
de Sheffield deixaram os fãs da banda muito apreensivos, pois, em entrevistas, diziam que o álbum viria com algo muito novo, não encontrado em antecessores. Todavia, não há motivos para se preocupar, já que a banda de fato mudou
tudo em suas canções, mas a essência continua a mesma. Se você ainda não
ouviu o álbum, basta pegar como base os três singles lançados. Quando R.U
Mine foi lançada, parecia que seria uma música avulsa, sem pertencer a álbum nenhum, pois assustou um pouco toda aquela rebeldia e atmosfera. Em seguida, veio a consumação da ideia, com Do I Wanna Know?, que, apesar de ter um teor
mais “o amor está no ar”, ainda sim possui as mesmas características da primeira. Dessa tríplice musical a mais inusitada é Why'd You
Only Call Me When You're High?, com uma letra muito mais baseada
naqueles conceitos do hard rock (sexo, drogas e rock n’ roll). O videoclipe
causa um choque, pois é baseado na mente pervertida de um bêbado que chega em
casa tarde e, além do mais, erra onde ele mora.
AM é o
quinto álbum da banda e traz ideias novíssimas para o mercado indie,
como, por exemplo, um som totalmente baseado em "peso", porém entrando de cabeça no
pop, visando um mercado mais abrangente. Apesar de tudo isso ter "cara" de novo, dá
pra perceber estes elementos presentes em outras bandas no cenário indie atual, como no disco El Camino dos Black Keys.
Pois bem. O álbum começa com os dois singles já citados. Em seguida, One for the Road começa de fato a sessão de inéditas, com uma atmosfera muito pop, com ênfase
nos vocais, bateria e baixo, utilizando as guitarras apenas para efeitos. Arabela, também foi disponibilizada há alguns dias, tem um inicio que te
faz pensar que o disco inteiro será baseado em um instrumental de bateria e
baixo, porém no refrão há uma reviravolta, trazendo todo o teor do rock n’ roll à ativa. I want it all possui um vocal solo, bem agudo por sinal, dando
um pulo e pegando grandes características de Comedown
Machine, dos Strokes. Já No. 1 party anthem é a canção mais balada do álbum. Com uma
perfeição digna de Elvis Presley, o solo da voz de Alex Turner cria uma atmosfera de se arrepiar. (Esses garotos sabem emocionar com algo
mais romântico!) Mad Sounds é aquela canção típica da banda, como Mardy Bum, entre algumas outras. Basta ouvir pra perceber
do que eu estou falando. Fireside
outra canção que abusa do vocal solo, possui uma guitarra “suingada” e
com um balanço bem envolvente, com nuances de rockabilly. Em Why'd You
Only Call Me When You're High? tem o hip-hop como influência, porém a letra e o videoclipe, já citado anteriormente, possuem um "cenário" decadente, bem
"rock n’ roll". Snap Out é canção que dá uma "pulada de cerca" e vai beber
um pouco do último álbum dos Strokes. Com guitarra bem marcada, Knee socks tem aquele tipo de riff que, quando tocado em uma roda de amigos, sempre
vai ter alguém que vai gritar, dizendo o nome da música. Para encerrar, I wanna be yours, uma belíssima balada, fecha o álbum e cria uma imensa expectativa do que virá após AM.
Vale a pensa
conferir esse novo trabalho do Arctic Monkeys, que, sem dúvida nenhuma, logo estará no topo das paradas.
Em suma, esse disco se resume em um caldeirão repleto de emoções e musicalidade muito bem misturados, com sequências corretíssimas, provocando um resultado devastador. Um conselho: ouça o disco na ordem da faixas, pois você entenderá
que cada música executada é como se fosse cada pedaço dos seu componentes
metabólicos . Essa "bandinha" que começou "de garagem", crescidos no subúrbio, de fato acertou. Percebe-se que eles amadureceram , o que nos
deixa cada vez mais ansioso para saber como será o próximo álbum.