por Luciano Melo
Um prefácio desinteressantíssimo
Não tenho nenhuma vocação para Rob Gordon, personagem de High Fidelity (Alta Fidelidade), livro do inglês Nick Hornby e interpretado magistralmente por Jonh Cusack no filme homônimo. Por isso penei para escolher uma dezena de rock songs que me marcaram de alguma maneira. Se para Rob, aterego do próprio Hornby, uma enciclopédia musical ambulante, capaz de elaborar um set list de cinco canções para cada situação do cotidiano, para mim a tarefa se tornou ingrata a partir do momento de escolher um mote para a recolha das obras.
"Dez músicas para o que mesmo?" e a indagação, na sequência, "partir de onde?", pulverizavam o meu cérebro. Em geral, você associa uma canção a um estado de espírito, funcionando como um pano de fundo. Mas, reitero, "partir de onde?" não tem resposta.
Pausa.
Abro parênteses.
Tomei emprestado de um aluno meu o catatau Guerra dos Tronos, volume que inaugura a série As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin e que está me acompanhando neste curto recesso. Este livro, inclusive, reduziu drasticamente minha vida em sociedade. Mas para não perder o fio, li certa vez numa entrevista do escritor americano que mesmo sem nunca participar das festas de Gatsby, após a leitura de O Grande Gatsby, do extraordinário F. Scott Fitzgerald, aquele mundo parecia mais real do que as coisas que de fato realmente viveu. Bingo! Então, se somos o resultado de nossas experiências vividas, os livros, os filmes e, claro, as canções são parte de nossas vidas que, dependendo da intensidade, importam mais do a vida de fato.
Fecho parênteses.
A resposta, portanto, não está no "partir de onde", mas "partir de quando". As músicas, como toda nossa experiência, estão situadas em nosso cérebro por pertencerem a determinados momentos que, de uma forma ou de outra, necessitam de uma trilha sonora para se tornarem algo mais real que a própria realidade. Por isso, neste 13 de julho, compartilho as canções que me iniciaram no vício do rock and roll. Ou vai dizer que sou o único?
A seguir, minha iniciação em "10 músicas para se ouvir no Dia Mundial do Rock".
A day in the life. The Beatles. Meu primeiro cd comprado na vida foi Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band.
Corduroy. Pearl Jam. A primeira camisa flanelada é inesquecível.
Dias de Luta. Ira! O primeiro show de rock também é inesquecível.
Love Will Tear Us Apart Again. Joy Division. Não saía do meu walkman.
Angra dos Reis. Legião Urbana. Meu primeiro LP da Legião. Tinha até um selo grudado na capa do álbum, proibindo a exucução pública e radiodifusão. Tempos de ditadura.
FBI. The Jet Blacks. Minhas tardes de sábado com os vinis do meu pai.
Hound Dog. Elvis Presley. E minhas manhãs de domingos com os vinis da minha mãe.
A praieira. Chico Science & Nação Zumbi. A primeira audição pareceu um soco no tímpano. Obra-prima.
São Paulo. Inocentes. Desde James Dean, todo jovem é um rebelde sem causa. A minha era uma calça rasgada.
Smell Like Teen Spirit. Nirvana. E todo jovem tem o herói suicida de sua época.
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