Tinha
me prontificado com alguns alunos em comentar a proposta de dissertação por
aqui, logo após a prova. Diferente um pouco do que andei lendo na internet, achei
o tema um pouco complexo, para não dizer chato mesmo. Não que fosse difícilissimo
seu desenvolvimento, até acho o tema bem pertinente na atualidade de nosso país,
mas, por ser uma avaliação que requer tanta concentração e folêgo para encarar
dois dias exaustivos de reflexão, acredito que poderiam ter pensado em um
assunto mais abrangente, que os candidatos pudessem explorar uma maior
quantidade de argumentação. Neste ponto, acho mais justo o que o Saresp fez até
2011 (talvez mude agora): propor dois temas distintos para os alunos escolherem
em qual se adequam melhor. Talvez seja um pouco de compaixão por vocês, como
aquele que quer, a todo custo, proteger sua “prole”. Seja como for, como não
adianta mais chorar pelo leite derramado, tenho fé de que vocês tenham ido muito bem na redação.
Abaixo, vou comentar um pouco sobre algumas impressões do que li e tentar
adequar ao que vimos durante as aulas. Sei que nosso conteúdo é bem comprimido,
principalmente no último ano do Ensino Médio, e que talvez pudéssemos ter nos
debruçado mais acerca de produção dissertativa. Mas também sei da capacidade de
cada um de vocês, o que me alivia e me traz muitas esperanças do desempenho de
cada um Vamos lá.
O tema proposto foi “O
Movimento migratório para o Brasil no século XXI”. Além dos nomeados “textos
motivadores”, havia um mapa com a rota migratória de haitianos para o estado do
Acre. Diante do tema, o próximo passo seria a definição de uma tese, ou seja, um
posicionamento crítico acerca da proposta sugerida. Pude notar que entre os textos
ofertados havia uma oposição de informações sobre a qualificação destes
imigrantes que chegam ao Brasil. No primeiro,
“Acre sofre com imigração de haitianos no Brasil”, grande parte destes
estrangeiros, fugitivos do terremoto de 2010, eram profissionais qualificados
no Haiti, como professores, advogados, carpinteiros etc. Já no segundo, “Trilha da costura”, aborda a deplorável situação de imigrantes da Bolívia,
o país mais pobre da América do Sul, que saem do país não por questões
políticas, mas econômicas. Diferentes de boa parte dos haitianos, os bolivianos
que aqui migram não possuem alcunha profissional, empregando-se em tarefas
artesanais,no campo e na costura.
Diante disso, o candidato poderia posicionar sua tese
em duas maneiras: a primeira, favorável à migração, poderia argumentar das
benesses que tal mão de obra traria ao país, principalmente pela qualificação
profissional dos haitianos. Também seria possível destacar que nossa história
se caracteriza por construirmos um país cultural e economicamente por meio de
diversas nacionalidades que migraram para cá, contribuindo para a formação desta
nação. Para finalizar, seria interessante discutir que o Brasil sempre se
caracterizou por ser um país pacífico e receptivo, no qual a proibição a qualquer
indivíduo que busque aqui sua sobrevivência seria uma contradição a nossa
própria ideologia patriótica.
No entanto, caso a tese fosse desfavorável à migração, um
dos argumentos naturais seria o acirramento na mão de obra ofertada pelo
mercado de trabalho atualmente, o que só agravaria a procura pelas vagas
existentes. Isso poderia ser aplicado tanto na carência como na abundância de
gabarito profissional destes estrangeiros, pois, de uma forma ou de outra, a
concorrência com os brasileiros se acentuaria ainda mais. Também não poderia se
esquecer que tal demanda migratória ainda provocaria maior demanda infraestrutural
dos serviços públicos no país, como
habitação, saúde e educação, já tão caraentes para os nascidos aqui.
Para encerrar, como proposta de intervenção na
conclusão, seria salutar que de uma forma ou de outra, a regularização destas
pessoas ocorresse de forma igualitária e dinâmica. Muito embora não tenham
nascido aqui, merecessem um tratamento justo e humanitário. Se desejamos ser um
país de importância mundial, exemplos como este acentuariam nossa capacidade política
de apaziguar e resolver questões que interferem na vida social de cada um de
nós.
Uma boa sorte a todos, meus
queridos alunos da ETEC Cidade Tiradentes e do Jacques Y. Cousteau. E, desde
já, me prontifico a conversar com cada um de vocês, sobre esta dissertação ou
sobre as questões de “Linguagens e Códigos...”seja onde for.
Vocês são a razão de tudo
isso.
Um afetuoso abraço a todos!
Profº Luciano Melo
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