por Tereza de Souza
Um dia quente, o Sol estava brilhando, fazendo-me procurar uma sombra
para observar a imensidão, havia meses que tudo o que fizera, era sair cedo,
retornar muito tarde, assim perdia essa maravilha.
A sensação era inexplicável, mas é possível fazer a descrição daquela
manhã, o céu estava azul claro, poucas nuvens, o Sol cintilava todo o ambiente.
O firmamento estava bem definido, permitindo a visualização dos planos de todos
os movimentos, as cores reais de todas as coisas, dos prédios, carros, árvores,
tudo parecia distante, ficara perto, sendo possível, observar tudo que não via
pelas escolhas da vida.
Fiquei encantada pela quantidade de coisas que vi, por falta de tempo
nunca observei, a pressa não deixava, pois estava presa a compromissos e horas
marcadas, além de sempre estar ocupada com dilemas e preocupações a fim de
alcançar metas.
Após alcançar as metas, tinha muito tempo livre, poderia fazer qualquer
coisa, analisar textos complexos, investir em minhas ideias e projetos, assim
voltar à agitação de que estava tão acostumada.
Mas não desejava agitação, sabia que um dia tudo voltaria, se eu pudesse
escolher, jamais aceitaria a correria da vida, em síntese só sossego e
descanso, sem horas para compromissos, assim seria possível admirar manhãs de
Sol, como essa.
Buscamos tanta preciosidade ou complicamos demais, que nos esquecemos da
simplicidade, da ordem das coisas na sua forma natural, das pequenas coisas que
valem muito, em casos valem mais do que as metas que buscamos durante nossa
vida, às vezes são gestos ou um simples olhar para a imensidão e ter certeza de
que ela está lá.
É possível aprender muito com pouco, foi o que aprendi. Tudo o que
precisara era paz, que encontrei nessa manhã de Sol.
Tereza de Souza
Nascida em 2 de outubro de 1963 em Minas Gerais, foi uma contista brasileira, faleceu jovem, em 1988.
Utilizava em seus contos experiências de sua vida. Tereza vivia intensamente sua vida com muito rock and roll. Essa filosofia de vida acelerou o seu fim. Porém, aproveitou a vida do jeito que julgava ser o melhor jeito de se viver.
Tereza foi um exemplo de quem lutou e dedicou-se para a nossa atual liberdade de expressão. Ela participou de movimentos contra a ditadura.
Sua morte foi algo trágico, ela foi comemorar seu aniversário com seus amigos em um bar. Porém, ela já havia bebido nos dias anteriores, e no bar tomou mais. Chegando a sua casa, ela passou mal e teve uma overdose, falecendo no dia 3 de outubro. Seu corpo fora encontrado três dias depois.
Ela escrevia seus contos como se fosse um diário, só que de forma detalhada, com ideias e sentimentos íntimos, aumentando o grau de legitimidade de suas experiências. Tereza via o mundo de forma diferente, ela reparava nos detalhes e elementos que passam despercebidos pela maioria das pessoas que vivem de forma corrida pelo estresse e rotina da vida.
0 comentários:
Postar um comentário