sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Manhã de Sol


por Tereza de Souza

Um dia quente, o Sol estava brilhando, fazendo-me procurar uma sombra para observar a imensidão, havia meses que tudo o que fizera, era sair cedo, retornar muito tarde, assim perdia essa maravilha.
A sensação era inexplicável, mas é possível fazer a descrição daquela manhã, o céu estava azul claro, poucas nuvens, o Sol cintilava todo o ambiente. O firmamento estava bem definido, permitindo a visualização dos planos de todos os movimentos, as cores reais de todas as coisas, dos prédios, carros, árvores, tudo parecia distante, ficara perto, sendo possível, observar tudo que não via pelas escolhas da vida.
Fiquei encantada pela quantidade de coisas que vi, por falta de tempo nunca observei, a pressa não deixava, pois estava presa a compromissos e horas marcadas, além de sempre estar ocupada com dilemas e preocupações a fim de alcançar metas.
Após alcançar as metas, tinha muito tempo livre, poderia fazer qualquer coisa, analisar textos complexos, investir em minhas ideias e projetos, assim voltar à agitação de que estava tão acostumada.
Mas não desejava agitação, sabia que um dia tudo voltaria, se eu pudesse escolher, jamais aceitaria a correria da vida, em síntese só sossego e descanso, sem horas para compromissos, assim seria possível admirar manhãs de Sol, como essa.
Buscamos tanta preciosidade ou complicamos demais, que nos esquecemos da simplicidade, da ordem das coisas na sua forma natural, das pequenas coisas que valem muito, em casos valem mais do que as metas que buscamos durante nossa vida, às vezes são gestos ou um simples olhar para a imensidão e ter certeza de que ela está lá.
É possível aprender muito com pouco, foi o que aprendi. Tudo o que precisara era paz, que encontrei nessa manhã de Sol.


Tereza de Souza

Nascida em 2 de outubro de 1963 em Minas Gerais, foi uma contista brasileira, faleceu jovem, em 1988.
Utilizava em seus contos experiências de sua vida. Tereza vivia intensamente sua vida com muito rock and roll. Essa filosofia de vida acelerou o seu fim. Porém, aproveitou a vida do jeito que julgava ser o melhor jeito de se viver.
Tereza foi um exemplo de quem lutou e dedicou-se para a nossa atual liberdade de expressão. Ela participou de movimentos contra a ditadura.
Sua morte foi algo trágico, ela foi comemorar seu aniversário com seus amigos em um bar. Porém, ela já havia bebido nos dias anteriores, e no bar tomou mais. Chegando a sua casa, ela passou mal e teve uma overdose, falecendo no dia 3 de outubro. Seu corpo fora encontrado três dias depois.
Ela escrevia seus contos como se fosse um diário, só que de forma detalhada, com ideias e sentimentos íntimos, aumentando o grau de legitimidade de suas experiências. Tereza via o mundo de forma diferente, ela reparava nos detalhes e elementos que passam despercebidos pela maioria das pessoas que vivem de forma corrida pelo estresse e rotina da vida.







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