por Aryana Frances
Como
era de rotina, chegava à noite depois de um dia frenético de trabalho, e sempre
descia para a adega, onde passava a maior parte tempo, levara uma poltrona para
lá. A cada noite, era uma experiência nova, sabia que o fim estava próximo, mas
sentia meu corpo pesado, a mente leve e alma esperando por isso,
incansavelmente.
Havia
ficado repetitivo, mas a magoa era imensa e se intensificava toda noite naquela
adega, fazendo com que eu nem me importasse em continuar sofrendo, já que
esperara o meu fim.
Só
queria deixar de existir, por sofrer, mas fizera algo pior, arruinara o
sentimento de uma pessoa que muito amei, e desde então, tudo perdera o sentido,
e não sabia como prosseguir à vida, ou fazer algo simples, como sorrir. Sentira
que não existia mais, só meu corpo se movimentava a espera de sua partida que
demorava a chegar, mas tinha como companheira as bebidas da adega.
A
mente e alma já tinham abraçado a morte como amiga íntima, já que esperava em
desalento, mas o fim não parecia próximo.
E
quando, ainda, estava sóbrio, o pensamento era em tudo o que mais amei, mas o
que me restara, recordações, de que um dia fora feliz, de nossos corpos juntos,
lado a lado, de sonhos que fizemos. E agora tudo o que tinha era a solidão, resultado
de minhas atitudes e escolhas.
Passara a ter desvarios frequentes, certa noite, quando estava sentado em
minha poltrona, vi um anjo triste, com asas pretas, e um olhar tão deprimente,
que me fizera sentir uma dor que nunca tive, de repente, não sentia mais nada,
pulsação ou o meu próprio exalar e fui à direção ao anjo, o meu fim chegara.
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