quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Gravação do programa "Inglês com Música", na TV Cultura


Sob a coordenação da profª Rúbia Fuga, a Etec de Cidade Tiradentes mais uma vez participará do programa "Inglês com Música", uma produção da Univesp TV e TV Cultura. A gravação ocorrerá no dia 06/09, próxima terça-feira, no Teatro Franco Zampari. Abaixo, segue a lista dos alunos que irão ao programa e representarão nossa escola.
Good luck to all of you!

1 A
Rafael Rodrigues Monteiro Homem
Brenda Marques de Souza
Filipe Santiago Guimarães
Isabella Garofalo Corali
Mariana Labonia
Renata Oliveira Soares
Luiz Rogério de Freitas
Clebson Silva Araújo
Ana Cristina Jordão
Natália Martins da Silva

1 B
Mauricio D. Dias
Diego de Carvalho Covos
Louisy Lombardi Bizarro
Adelia Aline G. Marques
Paula Heloisa da Silva
Jéssica Alves Barbosa

1 C
Karina Assunção
Thalita Carine Vilanova Carine
Lucas de Souza Santos
Jenniffer dos Anjos Queiróz
Mauro Dias de Souza
William E. Santos

2 A
Wesley F. B. de Campos
Felipe Mota Gonzaga
Camila Senra Mariano
Juliana de Oliveira

2 B
Gabriel da C. Pereira Lima
Raissa Lohanna G. Q. Correa
Juliana dos Santos Andrade
Willian Kennedy de O. Fonseca
Thamires Santos Silva de Jesus

3 A
Mayara Evangelista de Araújo
Marcelo Cordeiro de Oliveira
José Miguel das Graças Alves
Jefferson Mendes Gomes
Raquel Lima Hernandez
Thaís Lopes Carvalho
Izadora Arcuri da Silva
Julie Suemi M. Yokoi

3 B
Maiwsi Ayana Oliveira Vitorio
Cleidson Bononi
Rebecca Cyndell Crozara
Vitor Freire dos Santos
Kelvia Marques dos Santos

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

7ª Olimpíada Brasileira de Matemática


No último dia 17, realizamos na Etec Cidade Tiradentes a 7ª Olimpíada Brasileira de Matemática, com a participação de 198 estudantes. Após esta etapa, passaram à 2ª fase os 14 alunos citados ao final deste texto.
A Etec Cidade Tiradentes agradece a todos os participantes em mais um evento científico promovido por nossa escola. Muitos outros virão por aí!

A Coordenação.


Lista dos alunos classificados à 2ª Fase da 7ª Olimpíada Brasileira de Matemática

Thalita de Souza Laia - 1º B
Mariana Rosa Freire dos Santos - 1º B
Paula Heloísa da Silva Ribeiro - 1º B
Wander Costa Brandão - 1º C
Érika Cristina de Souza Melo - 2º A
Felipe Mota Gonzaga - 2º A
Gabriel da Costa Pereira Lima - 2º B
Karol Nogueira Pereira - 2º B
Peterson de Souza Oliveira - 2º B
Rogério da Silva Brito - 2º B
Zózima Maressa Viana Santos - 2º B
Bruna Silva Nicolau - 3º A
Fernando Lucas Oliveira da Silva - 3º A
Emanoel Moreira Silva Oliveira - 3º B

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Football" se joga mesmo com os pés?

por Luciano Melo



Football se joga mesmo com os pés? Ao “pé da letra”, não. Associa-se o termo ‘futebol’ à raiz inglesa [foot] + [ball], ou seja, pé e bola ou pé na bola. Portanto, seria o esporte praticado com a bola controlada e disputada pelos pés, mas a relação não é tão simples assim. Na verdade, a nomenclatura football se refere a qualquer atividade esportiva que se executa a pé – e não sobre cavalos, como vários esportes praticados pela aristocracia europeia ao longo dos séculos. Deste modo, contrapondo-se à britânica prática fidalga de exercícios sobre cavalos, como o polo (hóquei sobre grama), hipismo, equitação ou enduro equestre, o football se consolidou na terminologia esportiva com o uso dos pés no chão, como, por exemplo, o rúgbi e seu “descendente”, o futebol americano. Assim, é fácil a dedução de que, mesmo praticado com as mãos, o football nos Estados Unidos ainda revele a raiz semântica inglesa.
Com as primeiras tentativas de uniformização das regras do “nosso” futebol, a partir de 1848, a Inglaterra passou a distinguir o football “com os pés” e “com as mãos”, batizando este último como rugby em referência à Rugby School, tradicional reduto de praticantes desta modalidade. Anos mais tarde, em 26 de outubro de 1863, na Freemason’s Tavern, centro de Londres, surge o Football Association, agremiação destinada à normatização das regras e à organização dos primeiros torneios futebolísticos. Da “associação”, como era conhecido este comitê, derivou-se a palavra “as[soc]iation” para soccer. Em países ex-colônias britânicas, como Estados Unidos, África do Sul e Austrália, chama-se assim o jogo de futebol, diferenciando-se das ramificações do football, como o rúgbi.
*
É interessante notar que o mesmo football inglês do século XIX é berço para modalidades tão distintas, como o rúgbi e o futebol americano ou o soccer. Mas não menos curiosa a relação de “forças” ideológicas que se aplicam em cada prática esportiva. E por isso, o mesmo futebol, não importando a dualidade ramificada posteriormente, reserva em sua semântica a ação de superar o inimigo por meio da força, seja ela técnica, tática, mas, essencialmente, militar.
Uma partida de futebol pode ser “disputa”, “embate”, “peleja”, “confronto”, “duelo” etc., denominações recheadas de conotações bélicas. A medição de forças se dá no campo, em terreno extenso e plano, porém, acima de tudo, na síntese de uma arena de guerra. O crítico literário José Miguel Wisnik sugere que a nomenclatura “campo” e “luta” se encontram na mesma raiz alemã Kampf, ou ainda nas derivações camp[eão] (lutador) e camp[eonato] (batalha). Assim, estabelecido o espaço de luta, passemos à demarcação do perímetro. No “Manifesto do Movimento ‘Morte ao Futebol Moderno’” (cf. http://morteaofutebolmoderno.blogspot.com/), tratei da conjuntura simbólica que move um campo de futebol. Transcrevo a passagem:

“Como já se afirmou em tempos idos, o quadrilátero que abriga uma peleja futebolística nada mais é que a metáfora da condição humana, encarcerados que somos diante dos limites de sobrevivência impostos a cada um de nós. É também o espaço demarcado da existência. A medida retangular é na verdade a junção de dois quadrados que acolhem duas potências opostas, ou seja, ying/yang ou Apolo/Dionísio. Forças motoras que nutrem nossas decisões. A união destes opostos se dá pelo grande círculo central, o símbolo da perfeição e da ideia de totalidade.”

Já a definição espacial do futebol americano é esquadrinhada metricamente por traços que demarcam as jardas, como a cartografia do mapa norte-americano ou a conquista territorial por meio de estradas de ferro que cortam o deserto estadunidense. Aliás, este domínio de territórios - mote do football ianque - pode representar a devoção da sociedade norte-americana em desempenhos e resultados “visíveis”. Não é por acaso a insatisfação pública com o governo atual quando Barack Obama sugere cortes orçamentários de gastos públicos para artefatos belicistas.
As estratégias de posicionamento numa partida de futebol ( rúgbi, futebol americano ou soccer) também definem a função a ser desempenhada por cada praticante no campo de batalha, embora o soccer permita rupturas na operacionalidade do esquema tático através de lances improvisados que enganam e desestruturam a organização do oponente. Chico Buarque, em artigo para o Estado de São Paulo (21.06.98), ao assistir em Paris a uma pelada entre meninos europeus e filhos de imigrantes, revela que os “ricos” tendem a se comportar como os “donos do campo”, privilegiando o controle do jogo por meio da ocupação estratégica no terreno, o toque de bola previamente estabelecido e a marcação ordenada no adversário; já os “pobres” tendem ao controle da bola, às peripécias individuais e ao “desapego” de organização sistemática campal em prol do drible curto e rasteiro em direção à meta contrária. Neste sentido, pode-se cotejar tal dualidade de divisões sócio-culturais em modalidades esportivas e o desempenho, salvas raras exceções, de determinados “grupos”. Para as camadas favorecidas ou dominantes, obtêm-se melhor atuação em práticas esportivas que notabilizam a funcionalidade estratégica ou coletiva, como o rúgbi, o tênis, o vôlei e a natação; em outras, quando a modalidade admite que o improviso surpreenda o inimigo, em casos como o soccer, o basquete, e o boxe, o recurso do drible ou da finta equipara as “desigualdades” de classes através do domínio e da habilidade individual na execução do exercício.


Até a próxima!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Só mais um dia.


por Peterson Oliveira


Era manhã. Uma nova manhã. Uma mesma manhã.

Levantar da cama durante a semana tornara-se complicadíssimo, não que aos fins de semana fosse animável fazê-lo, mas nada conspirava a seu favor. De que valeria sair do conforto quentinho da cama para se atirar em um ambiente frio, o qual ainda têm coragem de chamar de escola? O travesseiro e as cobertas ainda eram os únicos a aceitar a realidade física que provocara batalhas travadas contra seus zombadores até a noite anterior. Custou a pegar no sono e acordou quase que sombriamente ao perceber os resquícios lacrimais que ainda encharcavam o travesseiro. De qualquer modo teria que levantar, pois era isso ou se conformar em ficar toda a manhã ali em sua casa obedecendo a tarefas que decididamente não caberiam a alguém de sua idade, aliás, não caberiam a ninguém em idade alguma. Pois bem, levantou-se. Arrumou-se rápida e silenciosamente com o máximo de esforço possível para não despertar aqueles que menos queria. Saiu e trancou a porta como de costume, a fome revirando sua barriga. No entanto, pior que agüentar a corrosão em seu estômago devido a falta de consideração de seus responsáveis, era sentir todas suas entranhas se revirarem ao imaginar o que viria pela frente. Eles. Sim, eles que insistiam bravamente em empregar apelidos, soltar xingamentos e atirar objetos sobre sua cabeça. Eles. Era péssimo adentrar os portões do local que insistiam em empregar-lhe um nome tão suave. Uma vez tentou revidar, mas fora pior e ainda paga o preço por, como fizeram questão de deixar bem claro, tal ousadia. Mas a experiência lhe valeu, passou a pensar no porquê de ser tão ruim viver essas situações que estavam como um carma em sua vida. Sua vida. Não havia sentido prazer algum em toda sua vida, exceto talvez, da vez em que recebeu a visita de um primo e a mulher que o teve permitiu lhe entregar uma boa bofetada no rosto. Foi bom estar do outro lado por alguns segundos. Alguns segundos apenas, porque não tardou a bater o arrependimento em sua mãe. Não costumava chamar a tal mulher de mãe, pois assim como escola, era um nome muito doce para dar a ela. A figura maternal em seu lar vivia lhe dizendo que escola era besteira, de certa forma era mesmo, mas mais besta era ela. Mulher tonta. Ficava mais tonta quando chegava perto de pós brancos e quando tragava sabe-se lá o que, mas com certeza não era coisa boa, do contrário ela não havia lhe oferecido. Aceitou. Usou e não pode mais parar. Ótima sensação, prazer inigualável e problemas esquecido instantaneamente, remédio perfeito. Sem fazer esforço algum se transportava para um outro mundo, onde não era alvo de humilhação, onde se sentia pessoa, onde se sentia comum, imperceptível. Era realmente bom, uma pena que custasse caro de mais. Mas nem importava-se, era o que lhe fazia bem, pelo menos mentalmente porque fisicamente era horrível e em poucos dias parecia que envelhecera uma década. Grande coisa. Continuava a sofrer humilhações e rebaixamentos sem chances alguma de defesa, a não ser o prazer conquistado através do pior modo possível. Jurara se matar poucos dias depois. Faria falta? Sentiram sua falta? Talvez sentissem falta de lhe chutar ou de gritar da outra esquina que era uma aberração. Aberração aceita apenas por sua cama. Gostava muito de sua cama. Era quem lhe dava forças para se atirar ao bombardeio à manhã seguinte. Uma nova manhã. Uma mesma manhã.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reforma Ortográfica - parte 6

Uma aguda relação


Por Prof° José Luciano de Melo
Por fim, chegamos ao final (?) das discussões sobre a nova reforma ortográfica. É claro que não fica por aqui e parece estar longe de termos uma concordância sobre a efetiva importância acerca das novas regras. Desde que iniciamos estas postagens com tais fins, muita discussão ainda permeia revistas, jornais, programas televisivos etc. No entanto, se ainda muita água vai rolar por debaixo da ponte, resta-nos discutir sobre o uso do acento agudo. Uma aguda relação.
Como em Portugal, o acento agudo deixa de existir em paroxítonas com os ditongos abertos "ei" e "oi". Assim, passam a ser escritas sem acento as palavras como em ideia, assembleia, jiboia e heroico. O mesmo ocorre nas paroxítonas com o i e o u tônicos precedidos de ditongos abertos. Ex.: feiura, bocaiuva.

Reforma Ortográfica - parte 5


A regra e a exceção do uso do hífen

Por Prof° José Luciano de Melo
Como temos defendido desde o início desta série sobre a implantação das mudanças ortográficas da língua portuguesa, tudo ainda parece muito precoce e feito à revelia, sem o devido debate e o amadurecimento das idéias. Li há alguns dias um escritor angolano relantando que em seu país não existe a mínima divulgação das novas regras e que editoras e escolas estão pouco se lichando para a reforma. Vão continuar do jeito que está.
Por que retomo a discussão da pertinência da reforma ortográfica? Justamente para tratar de um de seus assuntos mais polêmicos e que ainda aguarda melhores esclarecimentos: o uso do hífen. Segundo a nova norma, para grande número de prefixos e elementos de composição (auto, hiper, mega, super, anti, micro etc), emprega-se hífen em dois casos: quando o segundo elemento começa com h ou tem a mesma terminação do primeiro. Ex:. anti-inflação, micro-organismo e super-homem. Nos outros casos, o hífen cai. Ex.: autoescola, antiamericano e microempresa. Há ainda o cuidado com as exceções: se o segundo elemento começa com r ou s, duplicam-se estas letras: antissocial, megarrampa etc. Em prefixos terminados em r, será usado hífen se a palavra seguinte começar também em r: hiper-realista, inter-racial, super-resistente.
Também permanece hífen em palavras formadas pelos prefixos “ex”, “vice”, “pré”, e “pró”. Já no caso do prefixo “pós”, só se usa se for seguido de uma palavra que tem significado próprio. E aqui começam as exceções malucas que temos que decorar, porque
NÃO se usa o hífen no prefixo “pós” se a palavra seguinte não tiver um significado próprio.
Mas, se parasse por aí... De acordo com a nova regra, o hífen, "num passe mágica", surge em re-eleger, re-estruturação, re-embolso. (é a mesma regra para anti-inflação, lembra?) E agora? Permanece a regra ou abrimos mais exceções, para confundir mais a cachola?
Plagiando o rei, "Pensem nas criancinhas...!"
O chavão é horrível. A dúvida, também.

Reforma Ortográfica - parte 4


O fim dos acentos diferenciais

Por Prof° José Luciano de Melo
Pára (do verbo parar), péla (do verbo pelar) pêlo, pólo e pêra (substantivos) não se escrevem mais com acento circunflexo. Sem o sinal tônico, estas palavras encontram seus pares homógrafos em outros sentidos: pelo e polo (preposição + artigo) e pera (preposição arcaica). Se não há tanto problemas nestas diferenciações, no caso do para (preposição) pode dar. Veja este exemplo do colunista da Folha, Pasquale Cipro Neto: "Trânsito pesado para Recife" (Caderno Cotidiano, 06/01/09). É confuso, não?
Ah, só em dois casos a regra dos diferenciais se mantém: pôde (timbre fechado)/pode (aberto) e pôr (verbo)/por (preposição).

Reforma Ortográfica - parte 3


O último voo do acento circunflexo

Por Prof° José Luciano de Melo
Outro golpe de misericórdia dado pela nova reforma ortográfica foi para o uso do circunflexo nos conjuntos "ee" e "oo". No primeiro caso, os verbos da 3° pessoa do plural do presente não recebem mais o acento, como nos casos de veem, creem, leem etc. No segundo, o sumiço se dá nos verbos da 1° pessoa do singular do presente (doo, magoo, perdoo etc) e/ou nos substantivos voo e enjoo. Mas, vale lembrar que os verbos derivados de "ter" e vir" continuam acentuados na 3° pessoa do plural do presente. Ex.: Eles têm pressa, elas vêm à aula hoje.

Reforma Ortográfica - parte 2


A morte do trema

Pois é. Quem usou, usou; quem não usou, não usa mais. O dia 31 de dezembro de 2008 foi o último dia de vida do trema, que tanto teimava em ser lembrado no átono "u" em "que", "qui", "gue" e "gui". Portanto, equino ou esquina passam a ter a mesma grafia, mas com o som atonal da primeira palavra. Aliás, é bom lembrar: as palavras que antigamente usavam o trema continuam a ser lidas da mesma forma. Ex.: linguiça, aguentar, equidistante, sequestro etc. No entanto, se uma regra tem a função de determinar uma lógica de uso para todos os participantes de um mesmo grupo (no nosso caso, falantes da língua portuguesa), a utilização do trema talvez fosse a de maior clareza possível. Os sinais gráficos aparecem justamente como necessidade de representação da fala, e não o contrário. Em outras palavras, é induzir (a fórceps) um iniciante da escrita portuguesa (ex:. alfabetizantes e estrangeiros) a deduzirem a pronúncia de uma sílaba, pois não há diferença gráfica entre pares. E assim vai.

Reforma Ortográfica Parte 1


Por Prof° José Luciano de Melo

Desde 1° de janeiro de 2009 está vigorada a Nova Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa. A medida parte da prerrogativa de uma unificação gráfica para os países falantes da língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Macau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), a fim de que estes estreitem suas relações com um instrumento linguístico único. O problema é que parece ainda um pouco precipitada a reforma, já que Portugal ainda não aprovou as tais resoluções. Em outras palavras, convencionaram algo para todos sem que ainda todos tenham aprovado. Absurdo, não?
No entanto, polêmicas à parte, daremos início hoje a uma série de pequenos textos que tratam das novas medidas ortográficas para a nossa língua. Não gostaria que isso soasse com teor didático ou de manual prático. Já existem no mercado editorial inúmeros títulos que versam sobre a reforma. A intenção é que neste espaço se promovam discussões e reflexões sobre as tais resoluções. Tudo em doses homeopáticas.
K, W e Y
Talvez no que menos a reforma mexa é na adição de K, W e Y em nosso alfabeto, passando a ter, oficialmente, 26 letras. Elas fizeram parte até 1946, "desaparecendo" após a reforma daquele ano. Na verdade, estão mais presentes do que nunca, principalmente em tempos de globalização. Então, pela nova ortografia, palavras ou siglas provenientes de outras línguas, grafadas e usadas em nosso idioma, e que se utilizem destas três letrinhas, serão aceitas. Ex.: Kg (quilo), Kw (quilowatts), kart, kardecista, web, yang e assim por diante. Mas, cuidado: a reforma só se refere a palavras de outras línguas. Portanto, nada de esquisitices como Kayo, hein? Falaremos mais adiante.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Semana Cultural? Não! Semana Paulo Freire!


Por Raissa Lohanna

Os alunos da ETEC Cidade Tiradentes já estão acostumados: em seus calendários, o mês de maio já tem compromisso! É a Semana Paulo Freire, que mistura aprendizagem com diversão, responsabilidade e folga!
Responsabilidade e folga? Sim! A Semana Paulo Freire tem o intuito de trazer uma pausa ao estudo “tradicional”: lista de exercícios, provas, seminários e toda aquela rotina que vai cansando o aluno ao longo do semestre. Durante uma semana as turmas de todas as três séries reúnem-se em salas e apresentam aos professores, colegas e principalmente aos alunos de escolas públicas da região e aos familiares, aspectos culturais, políticos, geográficos, enfim, fazem uma bela apresentação sobre países escolhidos aleatoriamente.
Bem, não tão aleatoriamente assim, não é? Este ano a ETEC teve sua Segunda Semana Paulo Freire, com o tema ‘América Latina’. Colômbia, Peru, El Salvador e Equador foram alguns dos países apresentados pelas diferentes turmas da escola. E neste ano, muitas novidades! Arrecadação de alimentos para instituições carentes, competições artísticas acirradas e muita culinária típica foram alguns dos principais pontos da semana. E ainda, para esquentar o clima, a sala que melhor se sair no geral ganha a competição (sim, por trás de tudo ainda há uma disputa!)
Para aqueles que se perguntam: ‘e por que Semana Paulo Freire?’, aqui vai a resposta: Paulo Freire foi um grande educador brasileiro, muito admirado pela forma como ele acreditava ser possível educar. Para ele, os professores têm que reconhecer em seus alunos as áreas em que estes se dão melhor, e utilizar estas habilidades para fazê-los aprender. Incrível, não?! Este é o espírito da Semana Paulo Freire: fazer os alunos construírem um trabalho enorme juntos, usando aquilo que sabem fazer de melhor, para aprenderem de forma mais descontraída. E podem ter certeza, por mais que desde mais de um mês antes do evento os alunos já estejam ‘ralando’ para conseguir bons resultados, no fim é pura diversão!
E por que a autora sem graça resolveu dizer que tudo isso não é Semana Cultural, e sim Semana Paulo Freire? Justamente pelo que acabei de contar! O que é uma Semana Cultural? Uma semana de apresentações valendo nota. Seminários intermináveis. E só. Semana Paulo Freire não é isso. É prazeroso. Sim, é cansativo, mas te envolve de um jeito que é impossível não se divertir no final, e ainda aprender muito sem precisar de provas intermináveis!
Semana Paulo Freire é Semana Paulo Freire. Só quem já passou pra saber. E parabéns ao 3°B, vencedor da competição deste ano com o tema: Bolívia!

TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM PROFESSOR JAIME ANTÔNIO

"Uma entrevista exclusiva com o professor Jaime! Aqui, uma das figuras mais populares da ETEC Cidade Tiradentes fala um pouco de sua história, sua relação com a escola e como se tornou professor. Ele assume a popularidade e diz que “ama aquilo que faz”! Então, como ele mesmo diz: “vamos começar a sessão Lazer!”, com a palavra, Jaime Antônio!"


1)      Fale um pouco sobre sua vida, qual foi sua relação com a educação na infância, adolescência, e agora na fase adulta, como professor? Minha vida quando era lá garoto, lá pelos dez, onze anos de idade, ajudava meus pais catando sucata, ferro velho, nas ruas... Vendia sorvete na rua, e depois com uns doze ou treze anos, falei para mim mesmo que não iria continuar querendo aquilo para minha vida. Tudo bem, era honesto, dava para comer, mas falei que eu não iria querer mais aquilo para mim. Na época eu continuava estudando, e foi ali já com uns quinze anos que eu comecei a fazer o SENAI - eu falei para os meus pais que eu queria aprender uma profissão, então corri atrás e procurei fazer SENAI. Os meus pais me apoiaram e eu cursei Mecânica Geral. Aí através de concursos eu entrei na Arno, em 83, e vi que ali, através dos estudos, através da educação, era uma maneira da gente crescer - hoje em dia no nosso país -, que sem educação não somos ninguém; e em função disso eu continuei estudando. Entrei na Arno, trabalhei – acho que uns dois anos – na área de Operador de Máquina, depois fui pra Ferramentaria, e passei a ganhar um pouquinho mais, onde acabei sendo promovido, e tivemos aí muitos altos e baixos, né... Separação de pais... Aquela luta..., mas mesmo assim agente não pode se deixar desanimar, não é? Porque é aquilo que agente sempre passa pra vocês: na vida, cada um colhe aquilo que planta. Então foi onde eu vi que tinha que lutar e ser alguém, inclusive para os meus pais, pra poder ajudá-los. Com a ajuda deles me formei Engenheiro Mecânico, continuei trabalhando na área até 95, onde saí da área, só que eu já lecionava desde 92, na escola estadual. Aí me encontrei na área da Engenharia, e vi que dentro da área da Educação eu poderia estar contribuindo melhor. Aí foi quando eu saí da área em 95 e, já havia ingressado na Educação, complementei minha carga horária, e graças a Deus, até hoje...  Procuro aí... Fazer o melhor possível. Procurei continuar estudando... Fiz curso de inglês, fiz curso de física... Sou Físico e Engenheiro Mecânico, e agente tem sempre que procurar estar se especializando, porque, queira ou não, a tecnologia muda a cada dia - podemos dizer assim. E em função disso, para podermos falar a mesma língua que vocês, temos que estar atualizados. E, graças a Deus, agente faz aquilo que gosta, faz de coração e tenta fazer o melhor possível. E, graças a Deus, que hoje em dia, agente está sempre correndo atrás, a cada dia tentando melhorar.

2)      Se você se formou em exatas – Engenharia Mecânica e Física -, tendo a possibilidade de atuar em outro campo, por que escolheu a área da educação? Porque dentro da área da educação eu acabei vendo um retorno... – não vou dizer retorno financeiro, convenientemente, como nós gostaríamos, não é? – mas dentro da área da educação foi onde eu procurei viver podendo fazer algo pelo ser humano. Entendeu? Porque eu passei a ver o seguinte: muitas pessoas, muitos alunos, têm dificuldade. E dentro do fator de dificuldade, eu, na minha época de aluno, tive maus professores. E nesse fator de eu ter visto maus professores, eu procurei fazer o que? Procurei fazer com que vocês, alunos, viessem a ter o melhor. E dentro desse fator de terem o melhor, eu procurei ver o seguinte: o fator financeiro é ótimo, tem sempre a parte financeira do serviço. Mas, o melhor retorno que eu tenho hoje em dia, na minha vida, é uma palavra, um abraço, é vocês falarem ‘professor, você explica bem!’, ‘você conseguiu me ajudar’... Hoje em dia existem vários, vários, vários – nesses vinte anos de educação -, hoje eu encontro vários ex-alunos meus no shopping, passeando, viajando pros cantos da vida, e aí eles vem e falam tudo aquilo que agente procura passar pra eles, hoje faz parte da vida deles. Encontro hoje muitos já formados Engenheiro, Físicos e tudo o mais, então hoje eu posso ver que o fruto do meu trabalho está acontecendo a cada dia, a cada ano que passa. Então esse é o meu melhor retorno, poder ver o sorriso no rosto do meu semelhante. É amar aquilo que agente faz.

3)      O que você pensa sobre os jovens em relação à educação? Bom, hoje em dia, o que eu tenho visto – pelo menos em sala de aula -, dentro da área pública, da área municipal, da área privada, que, hoje em dia, muitos pais têm deixado a educação por conta de escola. E para o professor transmitir o conhecimento e ainda auxiliar na educação, nós acabamos nos sobrecarregando. Aqui você tem que ser professor, pai, psicólogo, tem saber de todas as maneiras e a cada instante, procurar entender a todo instante o outro, o porquê da reação do outro para com você, sendo que nossa função é apenas de querer ajudar, ? E a única maneira que nós conseguirmos melhorar, transformar esse nosso mundo da maneira que ta lá fora, da porta de casa pra fora, é através da educação. Não é isso? Só que nos necessitamos do que? Nós necessitamos de um auxílio mutuo: entre Estado, governo, pais. Unimo-nos para que nós tenhamos condições de fazer com que esse jovem - muitos jovens ainda - nos dias de hoje, venham sofrer gradativamente uma transformação; e assim passarem a ver o outro como um cidadão, como uma pessoa, que necessita de carinho, que necessita de uma palavra, de um abraço; e não que nem outro aí: só agressão, só violência... Não pensam no dia de amanhã. Eles esquecem que o que nos vamos escolher no dia de amanha depende de nossas escolhas no dia de hoje. E muitos nos dias de hoje, as atitudes deles estão sendo totalmente pervertidas, inversas. Não é? Então, quero dizer: a Educação é um caminho para a Transformação, e essa educação depende de um todo, de um conjunto de fatores. Lar, casa, escola, família, não é isso? De um todo. Aí assim, futuramente – é o que estamos lutando, fazendo por onde – teremos um mundo, um país bem melhor.

4)      Como você explica a sua popularidade, uma vez que a matéria de Física é vista como algo chato e muito difícil? Por quê? Dentro do fator ‘Física’, como vocês acabaram de dizer, o aluno tem muita dificuldade em pré-requisitos básicos: multiplicação, subtração, divisão,... Essas coisinhas básicas, que são o fundamental para que o aluno possa, gradativamente, entender determinados fatores. E hoje em dia, graças a Deus, devido à experiência de vida que eu tenho, sofrimento, convivência com todos os tipos de classes sociais, eu tenho essa facilidade pra conseguir associar a teoria de um determinado conteúdo, de uma determinada matéria, à aplicação prática. Aí, eu parei e pensei: “puta, a matéria é triste”. A matéria é difícil pra muitos, não é? Pra muitos ela se torna difícil, ela se torna complicada; aí, se o professor for ser mais chato ainda,... né? Querer ser aquela coisa rígida, aquela coisa que tem que ser engessada, aí é que não vai mesmo. Então eu, gradativamente, graças a Deus, nos dias de hoje, eu procuro fazer do meu trabalho um lazer. Hoje as minhas aulas são um lazer. Então hoje eu entro na sala brincando. Brinco, bagunço junto com vocês, e nessa brincadeira agente consegue, ali dentro de toda essa junção, ajudá-los, que é o nosso objetivo: o de tentar ajudar. Um dos fatores é devido ao fator profissional, porque a coisa já e chata, de repente, se a pessoa não tem uma certa noção... se for querer direto jogar conteúdo e resolver exercício, e isso, e aquilo, aí a barreira, ao invés de ela cair diante do aluno, aí é que ela vai aumentar a cada dia mais. Mas aí, fazendo desse jeito não: fazendo desse jeito agente faz com que aquela coisa que até então era seria chata, e ‘sem valor’ para o aluno, ali ele vai vendo que aquele conteúdo, aquela matéria faz parte do cotidiano dele. E na realidade a Física é o nosso dia-a-dia: agente vive Física, fala, anda, caminha, tudo é Física. E ela é pratica, ela acaba nos auxiliando no nosso dia-a-dia, no nosso cotidiano. Então é por isso que, hoje em dia, eu amo essa matéria, adoro aquilo que eu faço. E agente tenta expor no nosso rosto, na nossa fala, o que nós vivemos.

5)      De onde você tira inspiração para suas frases tão populares? Todos nós temos limites. E em cima disso, o que é que eu procuro fazer? Eu procuro fazer por onde tentar explicar, seja qual for o conteúdo, de vários caminhos possíveis. Porque para sairmos de um ponto e chegarmos a outro, nós temos vários caminhos diferentes a serem seguidos. Eu procuro explicar de todos os caminhos a serem seguidos, não é isso? Então se porventura um aluno achou um caminho mais fácil, o outro achou mais difícil; e vice-e-versa. Quero dizer, eu procuro fazer por onde tentar, de uma certa forma, envolver toda a sala. Você, procurando envolver toda a sala e tornar aquela coisa agradável, passa a ter a atenção do aluno, mesmo se ele vier a ter dificuldade na matéria, mas você passa a ter a atenção do aluno por outro caminho, por outra forma, e dessa maneira, por menor que seja, o mínimo possível necessário, eles conseguem assimilar. É gostoso fazer isso.

6)      Sabemos que participou do programa do Luciano Huck, no quadro “Lata Velha”. Fale-nos um pouco dessa experiência. Nossa,... Ali foi muito lindo... Foi muito gostoso... E a melhor experiência que agente leva da vida é que... (emocionado)... É que agente vê, né... Agente vê que... Nós não estamos sós. Agente não ta sozinho... A maior experiência que agente tem é, como eu disse pra vocês, é através de palavras, é... Isso pra mim é tudo. Agora eu fico muito grato... Muito grato com vocês por terem me escolhido para estar fazendo parte desta entrevista... Eu fico muito lisonjeado. Entendeu? Muito grato e contente. Porque agente acaba vendo que estas nossas atitudes que agente acaba tendo aí... Ao longo da vida, alguma coisa está sendo aplicada no cotidiano de vocês. E se eu acabei participando do programa Lata Velha não foi devido a minha atitude, porque eu não escrevi carta, eu não fiz nada. Quem escreveu, quem fez tudo foram os alunos. Foram pessoas como vocês, que acabam vendo a nossa vontade de fazer... De ajudar. Os alunos viram lá na frente da escola – eu casei, tava construindo casa, e tudo – e carro era luxo. Carro pra mim era luxo. E nessa brincadeira, dinheiro não sobrava. E na porta da escola o carrinho mais velho que tinha era o meu. Todo amarradinho de arame de um lado e de outro. E os alunos perguntaram se eu não ficaria chateado se eles mandassem uma carta para o Luciano Huck, e eu falei ‘claro que não!’, aí perguntaram a história do carro, aí eu falei que eu tinha ele há uns quatro ou cinco anos já, e devido ao fator financeiro - que queira ou não queira, é o que acaba pegando todo mundo, não é? -, eu não tinha condições de arrumar o carro. E aí eles mandaram carta, aquela coisa toda, e acho que uns quinze dias depois que mandaram carta a Rede Globo já começou a entrar em contato com agente. E aí foi onde eu vi que... A vida é linda, a nossa vida é muito 10, é uma vida linda... E essa experiência que eu vivi graças a vocês, graças aos nossos alunos, graças aquela despesa que eu tive, ? Fiquei uma semana no rio de janeiro, avião, hotel cinco estrelas, aquela férias que... Nossa, que só Deus pra ajudar agente, (risos)... São coisas assim que não tem dinheiro que pague na vida da gente. Ate hoje ‘ele’ ta aí comigo, já apareceu um monte de gente pra vender ‘ele’, levar ‘ele’ embora, num dou, num vendo (risos)... Esse é o nosso cartão de visitas, é o nosso cartão de visitas. E graças a Deus, primeiramente, e a cada um de vocês que têm estado ao nosso lado, é que nós temos cada dia mais força pra poder lutar, pra poder vencer, não ver barreira na frente, cada barreira, cada obstáculo que surge, tem que ser vista como um trampolim pra você poder lutar mais um dia, entendeu? Então é dessa maneira que eu vejo, por esse motivo que vocês vão sempre me ver sorrindo, brincando, sabe? É... Graças a Deus, graças a Deus.

7)      Deixe para nós uma reflexão a partir de sua história de vida. A reflexão que eu deixo para vocês, pelo menos dentro do meu ponto de vista, é que vocês sempre venham a andar de cabeça erguida, em qualquer que seja a circunstância, porque a vida do ser humano não é só flores. Temos luta, temos fins, barreiras, é complicado. Que vocês venham sempre a lutar, e ter um único objetivo de vida, que é: lutar sempre - não concluiu, tem que tentar -, vencer talvez, e desanimar desse nosso objetivo, jamais. Nunca, nunca desanimar dos nossos objetivos, daquilo que nós pretendemos buscar, alcançar, entendeu? Então continue sempre correndo, lutando. Ajudar seus pais, família, continuar sendo pessoas verdadeiras, de valor, entendeu? Nunca querer agradar ao outro, pense primeiramente em si próprio. Nós devemos viver a nossa vida a cada segundo como se fosse o último, certo? E assim, dessa maneira, agente vai agradar primeiramente a Deus, e depois ao outro, ao semelhante. Sem prejudicar ninguém. Não é não? Futuramente iremos encontrar vocês aí nesse mundo, futuros profissionais formados, independente do campo de atuação de cada um, aí vocês vão falar: “professor, valeu!”. Aí eu vou ficar contente como sempre tenho estado com vocês. Entendeu? E parabéns pra todo mundo!

"O professor Jaime ainda nos deu a honra de mais umas reflexões sobre sua vida, mais uns incentivos e comentou sobre o seu amor por exatas e aversão a humanas (sim, ele não esconde isso de nenhum aluno!). Obrigada pela entrevista, Professor Jaime!"

“Um breve conto de bruxas generalizado”

por Nathaly Guatura.

Era uma vez, no hodierno de nossa sociedade, uma químera chamada Educação.
Outrora, em longínquos tempos, essa fantasia fora realidade. E com essa realidade reinava uma harmonia e uma quase paz semi absolutas. Obviamente o infeliz “quase” e o consterno “semi” em nossa emergente narrativa se devem ao fato de que para existir a história e a humanidade precisa-se, indispensavelmente, de seres humanos. E com a mais intensa diversidade desses homo sapiens sapiens (antes apenas com um único sapiens) existe a mais sortida parafernália de pequeninos grupos desses animaizinhos sórdidos, onde cada uma dessas famílias possuem determinados tipos de modos, valores e costumes.*
A educação que procuro aqui ressaltar não é aquela oferecida em instituições de ensino, nas quais encontramos um meio (um tanto quanto incerto) de fazer com que nossas crianças sejam bem instruídas para posteriores situações na soturna vida, e sim a educação de berço que as gerações anteriores foram aos poucos se esquecendo de passar adiante. A educação que nasce e morre com a carne. É dessa escassa ou até extinta educação de que falo.
A Sra. Educação que retirou-se da sala para dar mais espaço para uma outra Sra.obesa chamada Acomodação.
Os habitantes desse mundo de muito atrás se tratavam mutuamente com outro sentimento - o qual admiro imensamente - que integra sutil e valorosamente nosso atual sonho; o respeito.
Olhávamos-nos a todos nós respeitavelmente. Colocava-se tudo o que pedia-se e tirava-se tudo o que punha-se. E tudo era uma alegria.
Mas, como nem tudo na vida é festa... Mas, como nem tudo na vida são flores... Mas, como na vida o mal se faz sempre o mais plausível...
O mal. O mal profundo que sempre tentara se instalar... Acabara conseguindo de vez, quando um monstro (um monstro horrendo!) se fez hóspede em nossa terra.
O Monstro da pseudo-evolução intelectual havia devorado nossos preceitos e nossa boa convivência. E a partir daí fomos obrigados a engolir as falcatruas de seus capangas comodistas e toda a ignorância de uma geração que escarra nos cumprimentos e se intitula evoluída.
Desde então, os lacaios deste falso desenvolvimento nos impõem a vivência em um mundo onde recebem ordens aqueles que não sabem e apenas são obedecidos os que têm. Onde boa educação é igual ao extenso capital financeiro e a falta dela é andar com um saco nas costas e um chinelo nos pés.

*Acredito, querido leitor, que já tenha ciência absoluta acerca de tal afirmação, entretanto, para que tudo o que digo fique bem claro, preciso partir dos princípios de minhas idéias.

"Acerca da Educação"


por Peterson Oliveira e Luciano Nunes. 

Temos por educação todo processo de aprendizagem e ensinamento que envolve uma pessoa de maior instrução ética ou intelectual e uma pessoa com menor bagagem de conhecimento mas que deseja o aprendizado. Muitas vezes, por questões culturais, esse processo é imposto aos indivíduos.
A transferência de conhecimentos é extremamente importante para a valorização cultural e para a expansão de valores éticos e profissionais, sendo, esse conjunto, a base para a formação de uma sociedade mais igualitária, de alto nível e comprometida com causas sustentáveis, econômicas e políticas sem qualquer agressão às pessoas.
Todo esse processo é iniciado, geralmente, na infância, onde obtemos de nossos pais as primeiras distinções do que julgam ser certo e errado. Essas distinções, mais tarde, irão influenciar fortemente na formação ética do indivíduo, formação a qual foi proporcionada pelos passos iniciais da educação e dá à pessoa a capacidade de distinguir o que lhe é bom ou não e o que afeta de forma positiva ou negativa a vida de terceiros, segundo aquilo que foi introduzido à sua formação.
Em âmbito profissional a educação é a porta de entrada para a formação de pessoas capacitadas para atuarem em todas as áreas do mercado de trabalho, uma vez que, através dela adquirimos conhecimentos que capacitam e preparam leigos para que tenham ação ativa na formação econômica e comercial do país, tendo como fruto uma boa qualidade de vida.
Sendo assim, entendemos que a educação é o patrocinador de uma sociedade que caminha para a perfeição. É o investimento na educação que nos dará a possibilidade de superioridade social e ética. O objetivo da educação é sempre a longo prazo, visando o trabalho de formação das gerações futuras, que sempre será acrescido à cultura de uma sociedade.
Muitos falam em educação, mas realmente poucos conhecem esse termo a fundo.
Ensinar é vivenciar a educação. Um indivíduo pode receber valores educacionais em quaisquer lugar está possa encontrar-se.
Assim, concluimos que educação é a arte de ensinar e vivenciar o que ensina.
O conhecimento é infinito e fundamental.

Curta : A Procura da Felicidade

"Replay Político"


por Catarina dos Santos Dutra.

Andando nas ruas dessa cidade, vejo a impotência de cada ser escravo, seus olhos não mentem. Vejo o fim da igualdade. Vejo a força da rivalidade, sem idéias e nem conclusão.
Os dias se tornam cegos, uma vida neblinada, onde não se enxerga, não se escuta, não se sente.
Somos roubados por salafrários, usados para o bem pessoal.
Democracia? Não sei o que é.
Será que realmente eu sei o que é meu? O que eu mereço? Tudo o que preciso não está comigo.
Público? Direito? Tenho apenas deveres, e sempre o que fizer se tornará inútil. Pois pago mais que recebo.
Quando estou doente, penso em uma salvação, mas sempre vou ser deixado de lado, estou engada, não sou emergência, me fingir de morto não adiantaria, terminariam de me matar cortando os pedaços para não gastar dinheiro em um caixão maior.
Procuro entender o porquê das coisas, me deixam mais de cinco horas sentada escrevendo, escrevendo, e ganhando nota de caderno.
Preciso de segurança, me encaixo em um mundo cruel, mas tenho que escolher entre ladrão e incompetente. Apanho para os dois. Para que ter essa dúvida?
Então procuro me centralizar em um mundo perfeito e sou cobrada pela entrada nele.
Tudo se forma pensando em vantagens pessoais, hoje poucos tentam mover os blocos para se formar uma coisa só. Mas ainda sim, sei que tudo pode mudar, não o começo, mas sim o final.

Desigualdade Social


Animação do Capitalismo


Consumismo





O blog “Alfa” entrevistou nossa Diretora, Valéria Racero Pimenidis, com o intuito de saber o que a mesma pensa acerca de Educação, Mudanças Sociais e principalmente sobre nossa escola, a ETEC de Cidade Tiradentes, e seus alunos.

 

1) Quanto tempo você trabalha na Educação e o que a motivou a ingressar nessa área?
Estou na Educação há 10 anos, porém antes disso eu trabalhava numa empresa multinacional onde ministrava treinamento empresarial para as filiais. Neste período eu já exercia a função de educadora, a partir daí obtive muitas realizações com a Educação.


2) Quais são as suas expectativas em relação às possibilidades de mudanças trazidas pela Educação para a sociedade?
A Educação pode mudar uma nação e as expectativas são as melhores possíveis. A Educação faz com que o homem reflita sobre sua própria realidade e possa ser capaz de mudá-la para melhor. A Educação tem um papel de transformação da sociedade.

3) Quais as atribuições do Cargo de Direção da Escola?

- Garantir as condições para o desenvolvimento da gestão democrática do ensino, na forma prevista pela legislação e pelo Regimento Comum das Escolas Técnicas do Centro Paula Souza;

- Coordenar a elaboração da proposta pedagógica da escola;

-Organizar as atividades de planejamento no âmbito da escola;

- Gerenciar os recursos físicos, materiais, humanos e financeiros para atender às necessidades da escola a curto, médio e longo prazos;

- Promover a elaboração, o acompanhamento, a avaliação e o controle da execução do Plano Plurianual de Gestão e do Plano Escolar;

- Garantir o cumprimento dos conteúdos curriculares, das cargas horárias e dos dias letivos previstos;

- Garantir os meios para a recuperação de alunos de menor rendimento e em progressão parcial;

- Assegurar o cumprimento da legislação, bem como dos regulamentos, diretrizes e normas emanadas da administração superior;

- Expedir diplomas, certificados e outros documentos escolares, responsabilizando-se por sua autenticidade e exatidão;

- Desenvolver ações, visando ao contínuo aperfeiçoamento dos cursos e programas, dos recursos físicos, materiais e humanos da escola;

- Zelar pela manutenção e conservação dos bens patrimoniados e de outros bens colocados à disposição da escola;

- Promover ações para a integração escola-família-comunidade-empresa;

- Coordenar a elaboração de projetos, submetendo-os à aprovação dos órgãos competentes, acompanhar seu desenvolvimento e avaliar seus resultados;

- Criar condições e estimular experiências para o aprimoramento do processo educacional;

- Prestar informações à comunidade escolar.


4) No seu ponto de vista o que representa esta escola para a Cidade Tiradentes e arredores?
A escola representa muito para o bairro de Cidade Tiradentes. A ETEC veio para contribuir para o crescimento intelectual da comunidade através do desenvolvimento profissional e humano, agregando valores que proporcionem melhoria na qualidade de vida. Essa é a nossa missão e tenho certeza que ela está sendo cumprida.

"Legião Urbana “V”: um disco medieval"





por Luciano Melo

Such psychic weaklings has Western civilization made of so many of us.
(Assim o fraco intelecto da civilização ocidental tem feito cada um de nós).
Brian Jones, 1967.

Bem vindos aos anos setenta.

Talvez o primeiro contato com o universo que circunda o mais belo disco pop brasileiro dos anos 90 não deva ser propriamente no cd player, mas na última página do encarte. Embaixo de um mesmo amuleto que ilustra a capa do álbum está grafado o mesmo par de frases acima, apontando a tudo que se possa encontrar ao longo de pouco menos de 80 minutos de muita pancadaria, distorções e arranjos de cordas. Metal e nuvens. Neste sentido, a obra torna-se uma leitura pouco entusiasmada do Ocidente numa linha quase cronológica entre o medievalismo do século XIII ao rock progressivo dos anos 70.

Neste caleidoscópio de imagens e referências que o próprio conceito do álbum sugere, a fecundação do disco foi realizada praticamente a partir dos próprios ensaios de estúdio, o que resultou no trabalho mais bem acabado e meticuloso da Legião Urbana. Quase que diariamente, durante oito meses de 1991, enfurnados num estúdio da Barra da Tijuca, o grupo praticamente se exilou do contato com os fãs e compromissos com shows e mídia. Quiçá pela debilidade física já flagrante de Renato Russo, era comum o compositor varar noites em claro entre violões e microfones para não precisar se deslocar tanto e, durante a madrugada, elaborava uma espécie de ópera-rock que caracterizaria a elaboração do álbum. Em relação à concepção das canções, o disco não fugiu à regra de trabalho da banda. Quase sempre Marcelo Bonfá trazia um embrião de melodia que aos poucos ia tomando forma a partir do recheio das letras de Renato Russo. Não era nada muito dispendioso de tempo quando partiam para as primeiras gravações demo e mixagens. No entanto, após a exaustão que consumiu a banda pós-Quatro Estações, era o momento de baixar um pouco a poeira. Renato Russo sabia que uma nova empreitada dificilmente renderia tão bons frutos financeiros e midiáticos como o disco anterior, embora os olhos mercadológicos da Emi-Odeon exigissem o contrário. Mas o grupo (entenda-se Renato Russo) não resistiria a mais uma maratona como havia acabado de passar. Muito menos agora que seu líder padecia com o soropositivo.

Horas e horas de estúdio foram necessárias para a gravação do novo trabalho. As melodias de Bonfá iam tomando forma a partir das intenções que Renato Russo pretendia para uma espécie de linha temporal do álbum. O cristal estava sendo lapidado.

“V” surge como um disco-conceito. A tentativa é promover um álbum que seja ouvido numa única e ininterrupta seqüência, ou seja, uma leitura. Para tanto, a construção de cada faixa requer uma perfeita intimidade entre a palavra e o instrumento. Em todas as onze composições do álbum, o início de cada faixa é absorvido por uma sonoridade que procura ofertar ao ouvinte um ambiente mais próximo possível do universo da letra que virá a seguir. A idéia é que a primeira parte do álbum (Love Song, Metal contra as nuvens, A Ordem dos Templários e Montanha Mágica) seja executada de maneira uníssona num único compasso de bateria e com o mínimo intervalo entre as faixas. Isso fica bem claro no lado A da edição do long play. A segunda parte ( O teatro dos vampiros, Sereníssima, Vento no litoral, O mundo anda tão complicado, L’ Âge D’or e Come share my life) compreende os “anos setenta” da epígrafe acima, entre o progressivo inglês e a acidez punk. Mesmo assim, nesta ponte entre a Idade Média e a contemporaneidade, a canção abre-alas do lado B (O teatro dos vampiros) é introduzida por rifles de guitarra que remetem ao tema barroco do Canon de Johann Pachelbel.

Love Song é a faixa que abre o disco. Alguns ruídos são logo tomados por um órgão crescente que aos poucos assume uma melodia morna e renascentista. Também lentamente vai perdendo espaço até as estocadas do violão elétrico que se manterá por toda a canção. Um conjunto de cordas integra o ambiente medieval da faixa para a letra que virá a seguir:

Pois naci nunca vi Amor
e ouço d’el sempre falar
Pero sei que me quer matar
mais rogarei a mia senhor
que me mostr’ aquel matador
ou que m’ ampare d’el melhor.

O texto é uma cantiga de amor portuguesa de Nuno Fernandes Torneol, trovador da primeira metade do século XIII. Os versos são entoados de maneira imperativa e acompanhados por um coro gregoriano ao fundo. Ao final do recital, surge em seguida um baixo que inaugura uma nova faixa, um segundo andamento. Então uma melodia folk muito simples e bem marcada pela bateria de Marcelo Bonfá parece suscitar o universo melodioso da Legião Urbana na suíte de onze minutos Metal contra as nuvens.

A peça está divido em quatro momentos ou episódios. Quatro universos temáticos amarrados por uma única condição: o transeunte solitário que vê a máquina do mundo passar perante os olhos. Repleto de referências da crise econômica brasileira de meados dos anos 90 ou ponteado de elementos autobiográficos de Renato Russo, os versos ecoam o ambiente medievalista da canção anterior por uma série de vocábulos que remetem ao campo da cavalaria provençal. Na primeira parte, encontramos um viajante desgarrado de qualquer filiação a não ser de certa idealidade que o anima:

Não sou escravo de ninguém
Ninguém é senhor do meu caminho
Se o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz

Mas este orgulho de exílio existencial fica apenas no campo da ideologia. No terceto derradeiro desta estância, o cavaleiro retoma o gáudio da terra natal como o mote de bravura e honraria. A alusão à lua e às estrelas pode ser vista reproduzida no interior do amuleto da capa do álbum. Esta ilustração pode ser compreendida como uma espécie de brasão medieval que integra elementos mítico-religiosos e naturais:

Mas minha terra é a terra que é minha
E sempre será minha terra
Tem a lua, tem estrelas e sempre terá.

A sensação de acolhimento à terra natal mesmo sem obedecer a um senhor pelo caminho é transposta de modo virulento para a segunda parte do texto. Em meio a um metal que se contrapõe ao folk cadenciado anterior (as nuvens), Renato Russo incorpora o próprio cavaleiro em solo tupiniquim sob a recessão do governo Fernando Collor de Mello:

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fogo e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa

Quase acreditei, quase acreditei.
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão

E há quem se alimente do que é roubo
Vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão.

A cadência melódica é retomada no fundamental e inédito terceiro bloco, o mais autobiográfico de todos. É a primeira vez que o compositor menciona o flagelo físico pelo qual passava à base que coquetéis para remediar o avanço da Aids no sistema imunológico e as conseqüências traumáticas após um ano ter se declarado homossexual. O fantasma da morte de Cazuza e as semelhanças biográficas com o próprio Renato Russo consumiam o olhar poético do compositor, que nunca fora tão cético como antes:

É a verdade que assombra.
O descaso que condena,
A estupidez o que destrói.
Eu vejo tudo o que se foi
E o que não existe mais.

Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

(...)

Não me entrego sem lutar –
Tenho ainda coração.
Não aprendi a me render:
Que caia o inimigo então.

A derradeira (e quarta) estância parece aproximar o cavaleiro do sublime desfecho da travessia. As cordas que haviam desaparecido após a primeira parte reaparecem em meio à melodia. É uma espécie de redenção do lírico após ver passar, perante os olhos, a condição de sua terra natal ou de sua própria condição. A retomada da vida ou do caminho é sugerida ao final do texto sem nunca olhar para trás – numa reminiscência ao episódio bíblico de Sodoma e Gomorra. Também a melodia parece acompanhar o andamento do enredo. No final, novamente o violão está solitário como quando se iniciaram os primeiros versos. Apenas voz e instrumento executados pelo compositor prontos a recomeçar o caminho.

O recomeço reinveste na temática da cavalaria. A Ordem dos Templários é uma faixa instrumental que relê outra canção medieval, Douce Dame Jolie, de Guillaume de Machaut (século XIV). O disco adquire um clima non sense pós-travessia no inferno da música anterior. A melodia revisita a Idade Média sem maiores preocupações estéticas, deixando apenas a cadência do compasso da bateria domar os lampejos de um órgão sem maiores desenhos. Talvez a intenção seja amolecer as sensações auditivas do ouvinte para o que viria, como uma preparação aos paraísos artificiais da faixa a seguir.

A Montanha Mágica é uma canção sobre as drogas. O texto parece um apanhado sem sentido de versos que vão se sobrepondo uns aos outros sem muita objetividade, numa clarividência de um suposto efeito entorpecido na estética de construção do poema:

Sou meu próprio líder: ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio-sorriso, meia-lua, toda tarde.

(...)

Ficou o que tinha ido embora

(...)

O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais.

(...)

O mecanismo da amizade,
A matemática dos amantes –
Agora só artesanato:
O resto são escombros.

(...)

Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio 38

(...)

Deixa o copo encher até a borda
Que eu quero um dia de sol n’um copo d’água.

O texto é em si plástico. As imagens coladas umas às outras sem muito critério aproximam-se de colagens cubistas ou pelas absurdas associações podem ser lidas pela ótica surrealista. A melodia modorrenta parece se arrastar ao longo dos versos provoca sensação de sonolência ou anestesia durante toda a canção. O refrão, por sua vez, deixa de lado as ilusões ou sugestões das outras estrofes:

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal

A partir da segunda repetição do refrão, em alguns momentos os versos são declamados sobrepostos por si próprios em mínimo intervalo de tempo, o que provoca quase um eco do que está sendo dito. Este recurso acentua ainda mais a embriaguez que domina toda a faixa. Ao final do texto, uma guitarra sem muito sentido desponta em meio à melodia até restar somente o marulho das ondas. É o fim da primeira parte da peça.

Com o lado B do disco cruzamos a ponte entre a Idade Média e a contemporaneidade através de Teatro dos Vampiros, mas ainda com um pé do outro lado pela introdução do Canon de Pachelbel. Mas pop é pop. O título da música é uma direta referência à novela global exibida na época, Vamp. A canção é o retrato da juventude nos anos 90, pós-ditadura e com uma tremenda crise econômica inflacionando os preços, os juros e as dívidas de toda a população pelo país afora. A falta de perspectiva do futuro e a desilusão brasileira por uma tão sonhada democracia que naufragava num colapso financeiro caracterizam esta faixa como a mais engajada do disco:

Vamos sair – mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.

A faixa seguinte é iniciada por gritos na platéia característicos de um registro ao vivo. É a porta de entrada para a seqüência de hits que a Legião Urbana pretendia emplacar: Sereníssima, Vento no litoral e O mundo anda tão complicado. É a razão de estarem dispostas uma após a outra. O que assombrou o grupo foi o inesperado gosto popular de Teatro dos Vampiros, por achar política demais. Também esta trinca – que se tornou um quarteto – não poderia participar do lado A do disco, por todo o conceito já citado anteriormente. Na verdade, a intenção do grupo era lançar um álbum duplo com jeitão de ópera-rock, apenas com músicas inéditas executadas em estúdio e ao vivo.

Como não foi possível, a sexta canção tem todo o ambiente de show. Gritos, assobios, a banda animadíssima e entrando num compasso muito rápido fez com que Sereníssima, também assim conhecida a cidade de Veneza na época do Renascimento, numa felicíssima coincidência com o conceito de “V”, segundo Renato Russo confessara no Acústico MTV, se tornasse a faixa mais alto astral do disco.

O paradisíaco Vento no litoral e o metropolitano O mundo anda tão complicado tratam do relacionamento amoroso como poucos compositores pop conseguiram fazer, além de Renato Russo: a sensação de vazio e o desapego à materialidade do cotidiano. O disco estava nas graças do público.

L’ Âge D’or, ou a Idade do Ouro, é o posfácio do álbum. É como o comentário final de toda a jornada percorrida. Como era de intenção de Renato Russo de “V” ser executado ininterruptamente por todas as faixas, este último capítulo é a retomada de todos os temas apresentados, desde a Idade Média até os dias contemporâneos.

Ah, ainda tem Come share my life, canção folclórica americana. Bem, é a ilustração da última capa.



* * *

(Um post scriptum dispensável)


Levei algumas horas de duas madrugadas para concluir este texto. São apenas comentários que não devem ser levados a sério. Mas não deixa de ser curioso o fato de sentir vagamente o cheiro embolorado de uma fita cassete Basf (com um V rabiscado de caneta azul sobre a etiqueta branca) girando no par de engrenagens de um Gradiente antigo e eu rachando a ponta dos dedos nas cordas de nylon no violão de meu pai, tentando “malemá” acompanhar os acordes de cada música do disco.

Eh, vida. Deixa prá lá.